21/12/2016

Empreendedorismo feminino: como aumentar o número de mulheres na tecnologia em 2017?

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Muito se fala na falta de diversidade entre homens e mulheres na tecnologia e na liderança em empresas. Mas você sabia que os negócios em países como a Índia, Reino Unido e Estados Unidos que não primam pela diversidade de gênero e que têm conselhos administrativos formados apenas por homens tiveram um retorno menor sobre ativos (ROA) de US$ 655 bilhões em 2014? Segundo o estudo Grant Thornton, isso equivale a dizer que eles deixaram de lucrar cerca de 3% do PIB per capita de países como o Reino Unido e EUA apenas por esse motivo. Se não faltam mulheres no mundo, por que o empreendedorismo feminino, principalmente na área tecnológica, ainda é um tema tão incipiente?

O tema foi debatido no RD Summit 2016 por três mulheres de referência na área: Ana Melo, Camila Farani e Claudia Melo. Por ser tão relevante para os negócios na área de TI, separamos, nessa reta final do ano, seis pontos a serem melhorados em 2017 para que mais mulheres consigam empreender com sucesso:

Empreendedorismo feminino em TI e seus seis desafios:

1. A posição da mulher na sociedade:

Nas antigas civilizações, existia um equilíbrio maior entre o feminino e o masculino. Os homens buscavam expansão constante e não há exemplo maior disso do que nas grandes navegações. E você sabe o que essa expansão territorial resultou: guerras, monopólios e insustentabilidade. Portanto, nada melhor do que começar 2017 com uma visão diferente da posição da mulher na sociedade. A primeira ação pode ser a de investir no crescimento profissional e pessoal das mulheres. “Não conseguimos provar a mudança no mundo se cada um de nós não nos mudarmos”, comenta Claudia.  

2. Flexibilidade nas empresas:

Além da questão de igualdade salarial, outra forma de alavancar o empreendedorismo feminino é buscando uma maior flexibilidade no trabalho, que vale tanto para as mulheres quanto para os homens. Essa é a verdadeira condição e igualdade que deve ser conquistada. Com isso, espera-se que os negócios busquem cada vez mais a transparência interna e externa e motivem a diversidade de opinião da equipe (não esqueça daquele dado do estudo, ok?).

3. Mulheres na tecnologia e a sustentabilidade:

Apesar da variedade de informação disponibilizada atualmente, a quantidade de meninas entrando na área não está aumentando, mas diminuindo. Segundo as especialistas, a engenharia, de forma geral, ainda é um ambiente muito masculinizado e isso impacta diretamente nas empresas de tecnologia. “São homens criando soluções para homens”, explica Claudia.

Pode não parecer, mas antigamente a matemática era uma área mais feminina. Quando a computação se tornou uma arma para o crescimento econômico, elas deixaram de se encaixar nessa visão de expansão e passaram a estudar outras áreas. “Afinal, o crescimento econômico só poderia ser feito por homens, certo?”, completa.

Portanto, a melhor maneira de melhorar o empreendedorismo feminino em 2017 é quebrando a barreira social que ainda existe. O mundo e as organizações só tendem a ganhar com mais mulheres na tecnologia, tanto em equidade quanto em sustentabilidade.

4. Não existe empreendedorismo feminino sem investimento

“Investidores, em sua grande maioria, ainda preferem negócios que homens criam”, afirma Camila. Para a investidora-anjo, que participa do programa Shark Tank Brasil, o maior desafio do empreendedorismo feminino é trazer mais mulheres para investir e inserí-las nas áreas que são reconhecidamente mais procuradas por homens, como o setor financeiro. “Isso vem evoluindo com o tempo, mas o setor mais ocupado por mulheres em empresas ainda é o de Recursos Humanos”, finaliza.

5. Inspiração nas mulheres em posição de poder

Pode ser considerado algo raro na área tecnológica, mas já existem diversas mulheres em posição de poder. “Contudo, precisa haver uma noção de que liderança é diferente entre homens e mulheres, o que não quer dizer que uma delas é errada”, afirma Camila. Com essa visão de que lideranças são feitas de forma diferente por um e por outro, a ideia é que mais mulheres se inspirem nas conquistas das outras. Se elas conseguem, por que eu não posso?

Segundo Claudia a própria noção de carreira precisa mudar para que o empreendedorismo feminino cresça nos próximos anos. “É muita pressão: ser mãe, ter um cargo alto no executivo da empresa, ser líder e etc. Precisamos que respeitem e flexibilizem o trabalho. Mas, por favor, venham com seus ideias e não sejam apenas um executivo de saia”.

6. Mas, no fim, tudo começa na educação básica:

Podemos falar sobre os desafios de incluir mais mulheres na tecnologia, aumentar a diversidade nas empresas, ou incrementar o empreendedorismo feminino. No fim, todos esses temas debatidos rebatem no principal gargalo: a educação brasileira, principalmente a de base. A ONU já oferece alguns kits sobre igualdade de gênero às escolas. Porém, precisa ir além disso. A transformação deve vir de dentro das empresas, mudando a cultura organizacional, atraindo organicamente mais mulheres e retendo-as. Ou seja, é preciso uma atuação firme tanto do governo, por meio de políticas públicas, quanto das organizações em si. “Como a sociedade ficou muito tempo com esse desequilíbrio entre feminino e masculino, vamos ter que redesenhar isso”, completa Claudia.  

Nos últimos dez anos, mais mulheres estão se destacando nos negócios e empreendendo. Por isso, apesar dos desafios ainda impostos, é possível ter um maior envolvimento de mulheres na tecnologia e um aumento do empreendedorismo feminino nos próximos anos. E que isso comece em 2017!

Crédito de imagem: WOCinTech Chat/CCO


Sobre o autor

Natália Porto

Gestora de projetos da Dialetto. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em 2016, tem Pós-Graduação em Gestão Empresarial e Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Atua em assessoria de imprensa desde 2014, inicialmente como estagiária da equipe de comunicação do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), e integra a equipe da Dialetto desde 2015. Já foi coordenadora de assessoria de imprensa e gestora de sucesso do cliente, tanto de assessoria de imprensa quanto de inbound marketing.

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